terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cada um esconde a miséria como pode






Citei, em um comentário que fiz no blog da Lina, " cache misère" e o pessoal gostou da expressão.

Vou contar então quando ouvi, pela primeira vez, a expressão.

Trabalhando com a Princesa - que vocês podem não crer, mas tanto andava no seu carrão de sei lá quantos milhões, como andava numa boa de metrô, de ônibus e a pé, como todo parisiense - eu sempre dava uma assessoria quando ela ia sair, tipo: "pegue por favor a bolsa X"- tinha uma pequenina da Chanel que eu amava e espero herdar um dia... rs - ou "esses brincos ficaram bem? Qual colar ou sapato eu coloco?" Depois de muito arranca rabo, a gente começou a se entender, e ela a confiar em mim, e no meu gosto, apesar de ser o oposto da forma de vestir dela.

Ela já levantava, de segunda à segunda, arrastando um Saint-Laurent (seu preferido) ou Chanel, ou Gaultier, que ela também ama. E tinha muita coisa !

Procês terem uma idéia, ela emprestava pro "Mr. Yves", quando ele fazia exposições, as peças que ela comprava desde 1900 e antigamente.
Bom, eu espicho muito o caso ! Voltando ...

Estava ela se emperequetando pra ir à Ópera Bastille, me lembro muito bem !
Colocou um terno chiquérrimo do Saint-Laurent, vermelho, lindo ! Sapatos sei lá o quê, uma carteira lindíssima, jóias tiradas do cofre; aquelas pra grandes ocasiões. Nada de piruice. Elegantérrima !

Ia de metrô, porque como toda pessoa civilizada e que tem a sorte de ter em sua cidade um meio de transporte que funciona, era a forma mais sensata de descer o Champs-Elisées pra ir pra Bastille às 6 da tarde. Na volta, táxi ou alguém a traria.

Já saindo, ela me pede: "Iêda, pega por favor um "cache misère" pra mim. Pode escolher a cor que achar melhor." Eu: "que vem a ser isso?" Ela: "uma pachimina, pega das grandes."

Era uma visão do paraíso. Duas prateleiras de pachiminas de cachemire grandes e menores, faziam um degradê que era de babar.

Fui até o closet (claro que não era um armário, era um quarto) e peguei uma pachemina de cachemire enorme, do Saint-Laurent é claro, ela se enrolou nela, no que cobriu dos ombros aos pés aquela chiqueza toda e zarpou pra Estação George V linda e radiante.

Só pra terminar roendo o resto de unha que sobrou, a cachorra dela, uma vira-latas canseira, dormia em um sofá tipo namoradeira, enorme, no quarto dela, e o sofá também era coberto com uma manta enorme de cachemire. Do Seu Ives, bien sûr.

Cachorra de sorte!!!

"cache misère" = esconde miséria

4 comentários:

  1. Que bom Susi. Obrigada. Cada um no seu estilo, né? Adoro perseguir seu blog. Virou vício.
    bjins

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  2. Muito bom o caso do "cache misere". Ah! esa princesa ainda é viva? Bem que ela poderia contar um causo da secretária brasileira, não é mesmo?
    Abraços
    Luiz.

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  3. Ela é vivíssima e de vez em quando ligo pra saber como vai ela e a canseira da cachorra dela. Haveria de ser muito bom ela contar o lado dela da história...rs.
    bjins

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