domingo, 21 de março de 2021

Peixinho na água e afogando na neve

Estávamos passando o final do ano no Alpes Franceses. Lugar lindo, já falei sobre ele aqui. Saint-Nicolas La Chapelle, divisa da França com a Suíça. Casa de meus queridos amigos, quase todo ano passo o inverno lá e sempre carregando alguém comigo.
Naquele ano, levei comigo uma sobrinha, que nunca tinha visto neve.
Época do Natal, aquelas montanhas cheias de pinheiros, todos branquinhos de neve coisa mais linda.
"Então amanhã vamos fazer um passeio nas montanhas. Fazer uma caminhada." Francês adora caminhada, nevando ou não. Minha sobrinha adorou a idéia.
Conhecer a neve, andar nela, comer neve, brincar com ela, levar uma chuvarada no rosto, é tão bom quanto a primeira vez que vemos o mar. As emoções são muito parecidas.
E lá fomos nós !
Íamos fazer um passeio de raquette (até coloquei a foto pra quem não conhece). É uma espécie de raquette de tênis, de plástico duro, que serve pra gente andar sem se afundar quando a neve tá alta e fofa. Éramos umas 8 pessoas. Destas, duas crianças que moram na cidadezinha, quer dizer, acostumadíssimos com neve como nossos meninos são com a bola.
Tinha nevado muito à noite e o dia amanheceu a coisa mais linda do mundo ! Céu azulzinho, um frio de -13ºC.
Depois de vestir todas as roupas próprias pro evento, vamos à parte do calçado.
Começou a jornada. Primeiro, meia hora pra atar as raquettes nos pés e dar uma andadinha na porta pra treinar.
Ok. Quem nunca tinha colocado a raquette nos pés, entendeu ? OK. Todo mundo entendeu. Entender é uma coisa agora, andar com os pés amarrados numa espécie de peneira, não é tão simples. Mas vamos tentar.
Cai um, cai outro, amarra de novo, não tínhamos andado nem 10m ainda quando, não sei como, minha sobrinha caiu de frente, como num mergulho na piscina.
Como tinha nevado muito, a neve tava fôfa, bem fôfa, de quase 1m de altura.
Aí que foi engraçado demais! Ela começou a nadar na neve. Batia os braços, se debatia e, já estava realmente se afogando, quando a pequena de 6 anos, nativa, chegou e puxou a cabeça dela pra cima. Cena mais hilária impossível! Ela tossia e respirava com sofreguidão, tipo puxando o ar...ham...ramm...uuuii...uuufffeeee...huuummm...raaaaammmm... e a pequena, tranquilamente, disse pra ela: "Quando cair assim é só levantar a cabeça". Elementar meu caro Watson... muito elementar quando você nasceu ali, já nasceu esquiando.
E a gente riu muito. Rimos tanto e tão alto, aqueles gritos de brasileiro diante de qualquer situação de aperto e mico que, na mesma tarde, quando minha amiga foi fazer compras, a vendedora da padaria e mais outras pessoas que estavam lá, queriam saber o que tinha acontecido conosco, porque o vilarejo de 480 habitantes todo riu junto com nossas gargalhadas.
Mesmo sem saber porquê. Mas nosso riso contagiou!
 
post de 29/11/2009

4 comentários:

  1. hahahahahahah!!!
    Contagiou até quem tá a milhares de milhas da neve!!
    Essa é a versão de "stand-down" comedy??? rsrsrs
    BJOS!

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  2. A fôfa disse ao que foi: levar alegria pro povo que fica deprimidinho por causa do frio. Tão esperando ela lá de novo esse ano....rs.
    bjins

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  3. Muita boa esta história. Ri de chorar imginando a cena. Eu conheço esta sua sobrinha??!!!

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  4. Adoro...mas não vou dar pistas, porque tenho amor aos meus dentes e dentista tá caro demais...rs.
    bjins

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