Eu trabalhei no Iraque por muitos anos e conheci muitas pessoas. Muitas mesmo! E um dos meus melhores amigos trabalhou lá também, no mesmo período que eu e, durante dois meses, quase do lado da minha sala, e nunca o vi, nos reunimos ou nos encontramos. Gente demais trabalhando em um país estranho.Tudo era muito novo.
Voltando pro Brasil, resolvi dar um rolé pela Europa. Minha primeira passada por lá. Conhecer a velha senhora, eu e uma amiga.
Uma colega de trabalho, sabendo que passaríamos por Paris, deu-me uma carta (O que é isto? Pesquise no Google) pra entregar pra ele. Eles tinham trabalhado juntos. Além de dar notícias dela, teríamos a oportunidade de conhecer um cara legal, segundo ela.
OK. Eu recebi a carta e partimos pra nossas merecidas férias. Isso era lá pelo final de agosto.
Caminhamos e caminhamos e, esta viagem, também resultou em muitos causus que contarei noutra hora..
Chegamos a Paris. Como ficaríamos poucos dias, liguei logo pro moço. Como prometido, cheio de simpatia, ele nos convidou para jantar e dar um passeio no intervalo entre um trabalho e outro.
Estava em Paris desde que saíra do Iraque, juntando uma graninha antes de retornar ao Brasil e, talvez, o fizesse no final daquele ano ou início do próximo.
E fomos e passeamos e ele nos mostrou muitas coisas lindas que, somente aqueles que moram na terra, tem o prazer de conhecer, e me mostrou uma pracinha que era sua favorita, com um único banco de madeira, uma árvore no centro e, naquela noite, foi encomendada uma puta lua cheia que fazia gritar a alma. Esse lugar tornou-se um dos meus lugares preferidos pra mostrar aos amigos, sempre que nos encontrávamos em Paris .
Foi um encontro muito bom!
Ele me contou sobre a família em Belo Horizonte, onde moravam e não era muito longe da minha casa, na verdade, era pertinho.
Quando nos separamos, ele me deu o telefone de uma tia (usava isso na época) e me pediu pra ligar, dizendo que a gente tinha se encontrado, que tava tudo bem, essas coisas que tia adora saber... que ele tava limpinho, não tava com fome e com muita saúde.
E passamos por Portugal e Espanha antes de chegar em casa.
Bão, cheguei e fui me readaptando com a Pátria Amada Idolatrada, Salve! Salve! lentamente. Liguei pra tia do meu novo amigo, dei a notícia, ela ficou toda feliz.
Voltei a trabalhar, reencontrar com os amigos e, finalmente, retomar minha rotina.
Um dia, do nada - devia tá procurando um telefone na agenda - eu vi o nome da tia e, só Deus sabe porquê, decidi ligar pra ver se eles tinham notícias, se sabiam quando ele voltaria, quer dizer, qualquer novidade.
Um primo dele atendeu o telefone e eu perguntei. Ele me disse: "um minuto que tão tocando a campainha e pode ser que seja ele".
Dois segundo depois, meu amigo pega o telefone e já vai perguntando: "Uai! como você sabia que eu tava chegando?" Eu disse: "chegando como?" E ele: "acabo de chegar do aeroporto nesse minuto".
E nunca mais nos separamos.
"Um amigo alegre numa viagem é quase tão útil quanto um veículo." Públio Siro