segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cultura na língua paralela.

Todos nós temos nossos causus pra contar. E como! Cada um com seu jeito e seu estilo. Pra mim, não tem coisa melhor na vida do que ouvir palavras trocadas, pessoas que, por algum motivo, não sabem a palavra correta ou não conseguem pronunciar ou reproduzem o que entenderam, o que o ouvido captou.

Longe de mim mas, longe mesmo, léguas e léguas, querer rir ou diminuir quem quer que seja, porque, afinal, estaria rindo da minha própria família, pai, tios, amigos, pessoas que trabalham ou já trabalharam comigo, enfim, de mim mesma. Só gente que eu amo. E, todos nós, até aquele que disse, ri muito disso tudo. E eu não deixo passar uma. Às vezes, anoto na hora, com medo de esquecer. Adoro!

Me lembro que, no antigo Pasquim, tinha uma página do Ziraldo que se chamava Horta da Luzia. Eu amava! Eram arrebanhadas expressões que toda família, toda turma ainda usa, algumas sabemos de onde vieram, lembramos da origem, outras já se misturaram tanto no vocabulário de todos, que não dá pra saber de onde saiu.

Lá vão algumas pérolas preciosas, mais que pérolas, verdadeiros diamantes, colhidas nos "Caminhos por onde andei". Se você tem alguma pra acrescentar, pomandá, que vamos fazer outra lista.

Ela fica enfreiando a gente (colocando freio, limites)

Ele só usa roupa de grifica (só tem roupa linda)

Janela escancarrada (aberta messssmo.)

Papel salofone (garimpei de um pescador no Globo Repórter)

Fulano foi feito um pelo outro ! (Não ficou mais lindo do que o correto?)

Espelho retransmissor (Essa é campeã !)

O figo dói muito (Não sou só eu que já ouviu essa. Famosa !)

Fiquei em pé, encostado numa calúnia redonda (Amigo contando o caso de uma espera. Muito bom !)

Pobrema (Já nem é mais um, né? )

Alpinista (Um conhecido falando condoído sobre a filha autista de um amigo dele)

Boca do istrongo (Outro clássico do repertório nacional)

Quem nasce na Índia é índio (Mesmo autor do alpinista, se referindo a um colega de trabalho indiano)

Encapotar o carro (Quem nunca ouviu essa?)

Tomei injeção de bezetasilva (Pode uma versão melhor pro nome da injeção?)

Assustou o cheque (Essa vem desde o tempo que era bancária. Primeiro emprego.)

Natal eu fico numa baixa astral ( data triste )

Cafundiu tudo (Usamos todos da minha turma. Foi uma cafusão só...)

O bosque tá muito sujo. Fiquei 1 hora pra limpar (colaboradora do lar, lavando o box do banheiro)

Mexe com tóchico (mãe de um amigo e também foi adotada por todos nós)

Gosta de séquiço (Quem não gosta de sexo?)

Domingo com visita é um sacrilégio (realmente um sacrifício danado, muito trabalho)

Eu vou reservano (e vai revezando quando pode)

Tô inquivocada acho q não foi isso (não há equívoco que segure essa)

Todo ano tenho que dastrar os meninos = cadastro escolar ( filas, mães brigando, um horror)

O médico que tava de prantão (muito bom aquele médico)

Fico pé da vida (eu também...)

Ele vinha pé por pé (ninguém escutava, na moita)

Ele dá pilequi - fora o susto que levamos (Triste sofrer de epilepsia)

Envitando doces - como dizia meu pai (evitando também o livro de gramática)

Fazer enxames (vai pro plural com n, porque são vários)

Préido ( meu pai falando prédio. Quando eu pedia pra repetir, pra rir mais, ficava bravo)

Reméido (meu pai falando remédio)

Comida serve-serve (é uma beleza, a gente coloca o que e o quanto deseja)

O cara sentou o sabão em mim (chamou na gerência)

O ônibus tava amarrotado de gente mas depois foi disvaziando (campeã das campeãs pra mim)

Malmitex - (essa também é muito boa!)

Essa máquina não tá trifugando bem ( então torço à mão )

Os elencos da novela ( claro! Várias pessoas, os elencos. )

Só falta entregar a mamografia (depois vem a formatura)

Chegando no aeroporto faço o chequinho e depois? ( depois corre pro abraço )

Você viu aquelas duas ali? Lébiscas ( mulher que gosta de mulher, ainda explicou )

Foi um surto-circuito ( fiação de luz antiga dá nisso )

Ele distraiu os dentes todos ( só davam problema, coitado! )

Dona, já acabei de cascar as batatas ( pode colocar na panela, obrigada)

Fulana teve que fazer parto cesário ( deve ser quando nasce menino)

Sua televisão tem tela SAP? ( a minha só tem tecla SAP)

Tô expressionado! Nunca vi coisa mais bonita.

Em recompensação, aqui choveu muito. Sorte nossa!

E fechando por hoje: - Eu te amo! - Eu item.

sábado, 1 de maio de 2010

A volta daquela que sempre quer voltar!


São onze e meia da noite de sábado, 1º de maio, minha amiga dorme a sono solto, pezinhos já desinchandos, depois de uma viagem longa e feliz.

O prazer de viajar, reencontrar amigos, rever lugares, comer aquela comidinha pela qual se apaixonou da última vez... tudo isso não tem preço.
Hoje acordei cedo pra ir buscar minha amiga no aeroporto. Um dia, talvez, com a permissão dela certamente, contarei sua história. Nenhum Gilberto Braga, nenhum Sílvio de Abreu, conseguiria imaginar uma trama melhor que essa.

Quem sabe, um dia!

Mas, continuando ... fui buscá-la, já com a promessa, mesmo antes dela sair de Paris, que comeríamos (ela) uma feijoada e beberíamos (ela) umas caipirinhas. Sabe o que é sonhar com um gostinho na boca? Ela tava assim. Sonhando!
É a quarta vez que vem aqui na nossa terra, terceira pra minha casa. Apaixonada pela terra, vem e, já no primeiro dia, fica fazendo planos pra voltar. Hoje mesmo, no restaurante, já pensava no retorno.
E vieram amigos meus, parentes, todos pra recebê-la. Revê-la. E, como eu digo sempre, tenho pavor de quem tem memória boa. Essa gente é um perigo. Ela é uma dessas. Ela se lembra de quem eu apresentei na primeira vez, lembra do nome, onde foi o encontro, tudo. Pergunta pelo marido, esposa, mãe. O cão-chupando-manga. Curuz!

Cada vez, quer conhecer mais um pedaço do nosso canto, nesse mundão de Deus.

Dá prazer levar pra almoçar uma pessoa que aprecia a comida, come com prazer, sem frescura, com apetite. E dá-lhe apetite! Comeu duas pratadas de fazer inveja a peão de obra.
E fica observando coisas que a gente que tá aqui, com tudo à nossa disposição o ano todo, não vê.

Descobri hoje, por exemplo, que as árvores do Minas Tênis Clube são cheias de miquinhos. Nunca tinha visto! Que as quaresmeiras estão floridas que tão uma beleza (isso eu já tinha visto).
Que o garçon estava muito cansado, apesar da gentileza e ela sentiu pela cor dos olhos dele; vermelhinhos.... e abatido. No que eu disse: "Ele deve tá emendando de um outro restaurante que trabalhou à noite." E ela: "E pode?" Sei lá se pode, só sei que, pela aliança na mão direita do moço, tá rolando um noivado e que, noiva quando fica noiva, quer casar, então o camarada tá se virando como pode.

Essas próximas duas semanas não vão ser de fritar bolinho. Conto pra vocês cenas dos próximos capítulos.
Só pra terem uma idéia, tenho certeza absoluta que ela foi a única pessoa - e tinha que ser francesa - que fotografou, no Bairro da Liberdade em São Paulo, a estátua de um japonês escondida num jardim. Acho que o moço foi um dos primeiros moradores do bairro.

Não escapou à máquina da turista.

Millôr em alta dose








Poemeu
Me elogia, vai!
Escreve um troço, ai!
Não dói não; faz
de conta
Que eu morri.


Olha ai garotada, quando digo no meu tempo estou falando do futuro.

Reuniu-se a junta médica. O doente morreu por unanimidade.

De tempos pra cá o pessoal usa muito esse termo, gratificação, querendo emprestar a ele o sentido de lúdico, nobre. Mas acho que o que lhes agrada mesmo continuam sendo os 20%.

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