sexta-feira, 4 de maio de 2012

Reconhecendo o terreno indiano

Como a internet tá parada resolvi dar uma volta  pelos templos. E os assuntos vão se acumulando.
É interessante como os indianos que encontro estão sempre dispostos a me ajudar e a resolver qualquer problema. Mesmo que eu não esteja querendo. 
Hoje por exemplo, fui pedir informação pro rapaz da recepção do hotel sobre os templos mais próximos. Queria fazer um reconhecimento, saber se podia andar e saber voltar na boa. Mas não consegui sair sozinha. Ele insistiu em me colocar em um riquichá. Ele mesmo negociou o preço e dispensou dois pilotos por estarem cobrando caro. Aceitou um moço magrim, como quase todos, carinha desconfiada e lá fui eu. Andou comigo quase a manha inteira por 170 rúpias, o que dá mais ou menos 3 dólares. Como fez um amigo meu uma vez no Nepal, desceu do riquichá e ajudou o moço a empurrar na subida. Me deu vontade de fazer o mesmo, mas como era uma leve subida, fiquei sem saber o que fazer. E todo mundo anda contente e feliz pra lá e prá cá. Será que alguém sente a culpa que eu sinto. Sei que é o trabalho dele, mas não é tão simples assim ver o moço dando o sangue pra puxar uma marmanja quinem eu.


Tempos modernos...não tem uma alma sequer sem celular nesta terra. Veja se combina. Guardião do templo jogando ou fazendo sei lá o que!

Ele foi parando em todo templo, me dizia o nome e onde ia me esperar na saída. Teve uma hora, que foi engraçado, saí de um, e fiquei tão distraída tentando entender o que duas menininhas queria me dizer, além de pedir dinheiro, que quando eu vi, lá vinha o moço pedalando correndo atrás de mim. Passei por ele e não vi.

Em frente  a um templo parei pra comprar água. Comprei  1 litro pra mim, e 1 pra ele a  0,15 centavos cada litro. Pedi pra ele escolher o que queria comer e ele olhou,  olhou as vitrines e escolheu um pacote de biscoito de  0,20 centavos. Enquanto eu pagava e saia, ele já tinha devorado quase o pacote todo...amanhã vou sair com ele de novo. E vou levar uma camiseta polo vermelha, bem bonita de presente. Vamo ver se ele agrada. Talvez fizesse mais sucesso uma toalha de rosto pra enxugar o suor. Todos usam uma no ombro, e de vez em quando amarram ela na cabeça. Trouxe umas 6 e vou distribuir antes de ir embora.




Porta de templo é quiném porta de Igreja. Tem sempre pedintes.

Este é o pó que as indianas passam na testa e nos cabelos. Dá vontade de comprar um monte de todas as cores. Mas, pra fazer o que?



E não é que alguem deixou um pacote de chips de oferenda? Tava fechado. Pelo menos isso!

Templo do Butão. Meu favorito até agora. Foi onde senti mais calma, mais tranquilidade e vontade de ficar.

Me ajeitando em Bodhgaya

Acordei ao meio-dia. Tomei banho e fui almoçar. O almoço tava legal. Tinha quiabo, que eu adoro, arroz branquinho muito gostoso, umas bolotas ao molho, que nem Deus sabe de que, mas muito gostosas. De sobremesa tinha uma coisa branca parecendo pudim, não me arrisquei,  e fui na melancia que é minha amiga íntima. E dá-lhe água.
Passei no escritório pra avisar que talvez fosse me mudar. O americano me entendeu e disse:
-Sem problema. Quer mais conforto, né? É.
Monge americano. Rapaz novo, muito simpático. Disse pra ele que na volta, queria que ele escolhesse umas coisas pros meninos do Instituto.
O Anup chegou mais 1 amigo as 2 horas em ponto. De moto. Todos os dois. 
Quem tá chuva...
Falei pra ele:
- Olha, eu vou nessa coisa, mas se ficar com medo,  grito e desço. OK?
- Sem problema, eu sou ótimo motorista.
- Confio na sua pilotagem, mas, de moto, na Índia, com 1 bilhão de pessoas passando coladas na gente, não sei se meu coração mineiro aguenta.
E lá fui eu. E não é que deu certo. Andamos até, ele me mostrou um monte de coisas, templos, tirava a mão do “volante” (aquela que não tem a menor intimidade com moto) e mostrava lá longe, a moto balançava e eu apertava a cintura dele. Mais fina que minha coxa...rs
Ele ria e dizia sempre:
-Sem problema.
Quis me mostrar uma escola pra órfãos que ele ajuda, mas vamos amanhã, porque naquela hora a meninada tava refrescando a ideia em outro lugar.
Então falei pra ele; vamos procurar o hotel, porque se der tempo me mudo ainda hoje.
- OK. Sem problema.
E andamos os 3 mais um tanto e chegamos a um hotel super simpático. Como ele trabalha com turismo e deve ganhar comissão, conhece todo mundo. Na recepção do hotel, enquanto eu conversava com quem me atendia, vi ele falando com um grupo de japoneses. Em japonês. E só acreditei, quando todos começaram a rir. Aprendi, que quando o outro acha graça do que você fala, é porque você já tá falando bem a língua dele.  Depois ele me disse que morou 1 ano no Japão. E só tem 25 anos. Se vira em francês, espanhol, e, o que ensinei pra ele em português ontem, já usou hoje o tempo todo. Danado o garoto.
Visitei o hotel, os quartos, negociei com o dono e acertei. Até pechinchei. Ele cedeu. Como vou ficar 1 mês e é baixa temporada, foi muito bom o preço.
Voltamos pro Instituto, agora já de carro, que o Anup arrumou sem nem dizer nada.
O americano foi até meu quarto e dei um monte de coisa pra ele. Ficou todo feliz, surpreso até. Acertei no escritório e enquanto ia passando as pessoas já iam me agradecendo pelos presentes pras crianças. Ele deve ter mostrado pra todo mundo. Dei um monte de havaianas, lápis, calcinhas pras meninas, escovas de dente, prendedores de cabelo. Enchi um sacolão.
Viemos pro novo hotel.
O Anup queria me levar pra conhecer mais coisa. Falei pra ele que amanhã a gente vai, fiquei pra arrumar a tralha e separar os presentes.
Hoje ele me explicou, que o meu agente em Delhi, o Hari, tem contato com o Rag. O Rag sempre chama ele pra ir junto, porque assim ele faz um bico. Então por isso ele colou em mim. Me explicou, porque eu disse pra ele que não era cheia da grana e que me buscar no aeroporto já fazia parte dos meus planos e tava pago, mas, daí pra frente, qualquer coisa teria que combinar antes comigo. OK?
- OK, sem problema. Se você achar que mereço quando for embora você me dá o que quiser. Só acreditei, porque já passei por isso das outras vezes que estive aqui.
Arrumei tudo, tomei banho e fui jantar no restaurante do hotel, que fica no mesmo andar do meu quarto. To eu lá bem tranquila jantando, quando chegam os dois. Arup e Rag. Vieram ver se tava tudo bem, se to gostando do Hotel e se queria passear um pouco depois do jantar. Convidei os dois pra jantar e sem a menor cerimônia, pegaram dois pratos e mandaram ver. Pedi legumes, arroz e outra coisa parecendo lentinha. Tava uma delícia. Os legumes era comer e chorar de tanta pimenta. Falei com eles que podiam liquidar aquilo aí, porque eu não aguento.Fiz com a boca quinem dragão e eles riram muito. Comeram tudo, rasparam o que eu deixei, sem uma lágrima sequer, por conta da pimenta.
Despachei os dois e marquei de ir amanhã à escola.
Aguardemos pois mais novidades. Resumi os fatos e tenho certeza que me esqueci de alguma coisa.
Conto quando lembrar.

Abrindo as portas dos templos que vou mostrar

Com dois dias de Índia já tenho assunto pra tres capítulos de um livro


E as pessoas ainda perguntam o que eu vim fazer aqui.
A jornada começou com a minha saída de Paris as 8 da manhã do dia 29-04. Meu voo saiu as 11 e meia. Lá vai um conselho. Se for viajar pela QATAR  não aceite o assento que fica atrás das portas de emergência. O espaço deles é exatamente a metade do normal. Um horror. Não consegui  trocar de lugar. Nem em pé tinha vaga. Sobrevivi.
Cheguei  em Doha as 6 e meia da tarde.  Não me lembro mais a que horas sai de Doha pra Delhi. Só sei, que por precaução não peguei o voo Patna-Delhi das sete da manhã. Marquei o de 1 e meia da tarde. Conclusão. Esperei de 3 e meia da madrugada até a 1 e meia da tarde. Pensa que acabou? Ainda não.

 Não era só eu que tava com sono no aeroporto de Delhi

Minha colega de fileira de Delhi pra Patna. 

Cheguei em Patna as 3 da tarde. Aí começaram as boas surpresas. Três rapazes me esperando no aeroporto. Aqui é assim. Sempre eles andam em bando.
O Anup que segurava o aviso e abriu o melhor sorriso do mundo quando me identifiquei. Junto com ele tinha o Rag e o Vik ( não sei se é assim que escreve).

Alguem já foi recebido com um aviso tão simples e singelo como este? Muito lindo!

Entramos no carros e foram 3 horas de meia de pura emoção. Realmente quem vem pela  primeira vez aqui custa a aguentar tanta emoção que as estradas oferecem. Eu fui tranquila só tentando me comunicar com os rapazes. O Anup disse que eram três, pra garantir minha segurança. Nada de mal poderia me acontecer. Então tá.

Arup. Este sorriso é constante

Este é o Rag. Desde que me viu se encantou com o meu braço. An??? Cuma??? Eu também achei estranho. Primeiro elogiou minha blusa e depois foi direto ao que interessava a ele. Já falou mais umas 2 vêzes. Pra quem tem braço gordo este é o lugar. Sempre pego ele olhando e salivando quiném brasileiro com bunda e peito...vai entender cada povo e cada gosto!

Nosso piloto, seríssimo e compenetrado. Já observei que aqui a direção é levada a sério. Piloto não conversa. Fica atento. O trânsito é uma loucura, mas quase não se vê acidente. Até agora, vi um caminhão batido na estrada.

Paramos neste lugar na estrada que não sei como poderia chamar, pra tomar um chá. Até agora to indo bem. Escrevo mais de 24 horas depois e o trono não recebeu minha visita além das de rotina...rs.

O garoto que usa uma roupa tom sobre tom...

O garoto que nos serviu o chá, de mais ou menos uns 14 anos, deve estar completando exatamente outros 14 que não toma banho. O engraçado é que eles não fedem. Também não cheguei o nariz tão perto pra me certificar. Guardando uma distância de 1 metro, tudo bem. Foi a primeira vez que abri a mala pra começar a distribuir os presentes que trouxe. Peguei uma camisa branquinha pra ele e 2 havaianas. Uma pra ele e outra pra sua mãe. Os pés, que pelo visto nunca calçaram nada, viram pela primeira vez as famosas havaianas. E, sem a menor cerimônia vestiu a polo branquinha e já com ela ficou,  encantado e surpreso. Daí já veio a minha primeira observação. A gente tem o costume de vestir roupa limpa depois do banho, né não? Aqui veste na hora, porque só Deus sabe quando vai ganhar outra, e, segundo o Anup, ele disse pro garoto na frente do dono do local.
-Vou passar aqui e ver se ninguém te tomou a camisa.
Ele achou que o patrão ficou de olho nela.
Chegamos no Rott Institute, em Gaya e também já tinha uma pessoa me esperando com a chave do quarto com meu nome.
Este é o lugar onde fiquei no primeiro dia

O lugar é exatamente como vi no site. A única diferença é que os quartos com banheiro, como eu pedi, ficam no andar de cima e o sol racha a moleira nos 40 graus facim, facim. Então me colocaram num quarto do térreo com o banheiro perto. 
Aí o Anup já atacou com sua profissão de guia. Conheço vários hotéis e posso te arrumar um bem legal, mais barato e mais confortável. Marquei com ele de passar hoje (01-05) depois do almoço pra gente ver isso.
Fui me ajeitar pra tomar um banho e dormir porque tava murtinha. Quarto super simples, limpo, cama super gostosa. Depois do banho fui ao refeitório ver o que tinha pra jantar. Felizmente não tava com fome. Não consegui identificar nada, comi um pão muito gostoso e fui dormir. Acordei ao meio-dia em ponto.
De ontem pra hoje já bebi uns 6 litros de água. No mínimo.
Amanhã continuo.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Queridos amigos que perseguem este blog

Ja estou com varios post prontos e ainda nao consegui me conectar a Internet com meu computador. Segundo meu novo amigo Arup, amanha sem falta vai estar funcionando. Oremos pois. 
To amando Bodhgaya e muitos causus e fotos  ja estao no gatilho.
bjos e inte 

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